ATA DA REUNIÃO DE INSTALAÇÃO DA TERCEIRA COMISSÃO
REPRESENTATIVA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 08-01-2003.
Aos oito dias do mês de janeiro de dois mil e três,
reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão
Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta
minutos, foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Carlos
Alberto Garcia, Elói Guimarães, Ervino Besson, João Antonio Dib, Maria Celeste
e Raul Carrion, Titulares. Ainda, durante a Reunião, compareceram os Vereadores
Clênia Maranhão, Isaac Ainhorn, Luiz Braz, Sebastião Melo e Zé Valdir,
Titulares, e Nereu D’Avila, Não-Titular. Constatada a existência de quórum, o
Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À MESA, foram encaminhados:
pelo Vereador Almerindo Filho, 09 Pedidos de Providências; pelo Vereador Ervino
Besson, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador João Antonio Dib, 01 Pedido de
Providências; pelo Vereador João Carlos Nedel, 03 Pedidos de Providências e o
Pedido de Informações nº 238/02 (Processo nº 3841/02). Também, foram apregoados
os seguintes Ofícios, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre: de nº
811/02, encaminhando Veto Parcial ao Projeto de Lei do Executivo nº 062/02
(Processo nº 3005/02); de nº 001/03, encaminhando Veto Total ao Projeto de Lei
do Legislativo nº 067/01 (Processo nº 1455/01); de nº 002/03, encaminhando Veto
Total ao Projeto de Lei do Legislativo nº 113/02 (Processo nº 1883/02). Do
EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nºs 708, 709, 710 e 715/02, do Senhor Prefeito
Municipal de Porto Alegre. Após, face Questões de Ordem formulada pelo Vereador
Raul Carrion, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca dos trabalhos.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Alberto Garcia enfocou a diferença
existente entre a média de preços dos combustíveis praticados em Porto Alegre e
na região do Litoral gaúcho. Relativamente ao assunto, defendeu seja deflagrada
campanha incentivando os consumidores desses produtos a abastecerem seus
veículos preferencialmente na rede de postos da Capital, em detrimento dos
estabelecimentos congêneres em operação nos Municípios do Litoral do Estado. O
Vereador Raul Carrion pronunciou-se sobre as primeiras medidas adotadas pelo
Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, salientando, entre
outras, a implantação de políticas de combate à fome no Brasil. Também,
destacou o posicionamento assumido pelo Governo Federal, no âmbito dos
Ministérios, frente a temas relevantes para a população brasileira, tais como a
preservação dos direitos dos trabalhadores, a soberania nacional e a inclusão
social. O Vereador Luiz Braz reportou-se à iniciativa do Governo Federal,
relativa às medidas de combate ao flagelo da fome no País e aprovou o modo com
que o Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, vem conduzindo
o assunto. Também, teceu considerações acerca dos critérios adotados para a
indicação do Presidente do Banco Central do Brasil, apontando a influência das
políticas econômicas internacionais nesse processo. O Vereador Ervino Besson
relatou visita realizada por Sua Excelência, ontem, às Centrais de
Abastecimento do Rio Grande do Sul – CEASA, exaltando as nomeações feitas pelo
Senhor Germano Rigotto, Governador do Estado do Rio Grande do Sul, para os cargos
diretivos dessa Organização. Também, referiu-se à boa receptividade, por parte
de fornecedores e clientes, da decisão do Executivo Estadual que determinou o
fechamento da CEASA aos domingos à tarde. A seguir, o Vereador Isaac Ainhorn
formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando
alteração na ordem dos trabalhos da presente Reunião. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
o Vereador Elói Guimarães discorreu sobre as disposições constantes no
Regimento deste Legislativo, destacando a necessidade da realização de estudos
que viabilizem sua modificação, de modo a elidir as dubiedades e contradições
verificadas em alguns dispositivos. Nesse sentido, analisou as normas
regimentais referentes à interposição de recursos contra atos da Mesa, do Senhor
Presidente e dos Presidentes das Comissões Permanentes, bem com contra decisões
proferidas em resposta a Questões de Ordem. Após, o Senhor Presidente prestou
informações sobre os procedimentos a serem adotados durante a realização de
períodos de Comunicações e Grande Expediente que sejam destinados a homenagens.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Zé Valdir contraditou declarações prestadas
pelo Vereador Luiz Braz em seu pronunciamento em Comunicação de Líder, no que
tange à atuação, em diversos períodos da História brasileira, dos partidos
políticos que professam ideologias comunistas. Também, manifestou-se sobre as
dificuldades políticas enfrentadas pelo Governo da Venezuela e sobre proposta
de ajuda feita pelo Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República,
àquele Governo. A seguir, o Vereador Raul Carrion formulou Requerimento verbal,
solicitando a redução, de dez para cinco minutos, do tempo previsto para
pronunciamentos dos Senhores Vereadores no período de Comunicações, tendo o
Vereador Isaac Ainhorn manifestado-se contrariamente a essa proposta e o Senhor
Presidente prestado esclarecimentos sobre o tema. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador
Elói Guimarães analisou os efeitos políticos decorrentes da posse do Senhor
Henrique Meirelles no cargo de Presidente do Banco Central do Brasil. Nesse
sentido, comentou as reações do mercado financeiro a essa nomeação, afirmando
que a referida instituição deve sempre estar sob a influência direta da
ideologia professada pelo Senhor Presidente da República e, além disso, deve
exercer suas políticas financeiras e monetárias de modo convergente a essa
ideologia. Na oportunidade, por solicitação do Vereador Ervino Besson, foi
realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao ex-Deputado Estadual
Wilson Mânica e ao Senhor Ricardo Alexandre Dantas, falecidos ontem. Em
COMUNICAÇÕES, o Vereador Isaac Ainhorn saudou os Senhores Vereadores que
assumiram os cargos da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Ainda, teceu considerações sobre a atuação das Bancadas de oposição ao Governo
Municipal, no sentido de inviabilizar a aprovação do Projeto de Lei do
Executivo n° 087/02, que institui a Contribuição para Custeio da Iluminação
Pública e criticou o aumento percentual verificado no Imposto Predial e
Territorial Urbano – IPTU. O Vereador Luiz Braz reportou-se ao pronunciamento
efetuado pelo Vereador Raul Carrion em Comunicação de Líder, acerca da atuação,
em diversos períodos da História brasileira, dos partidos políticos que
professam ideologias comunistas. Também, discorreu sobre a edição, pelo
Executivo Municipal, de Decreto que acarreta reajuste nos valores cobrados a
título de Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU – e sobre a atuação do
Senhor Adeli Sell como Secretário Municipal da Produção, Indústria e Comércio.
Na ocasião, o Senhor Presidente determinou que a Procuradoria da Casa se
manifeste sobre Decreto editado pelo Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre,
que acarretou reajuste nos valores cobrados a título de Imposto Predial e
Territorial Urbano – IPTU. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Ervino Besson referiu-se
aos falecimentos, ocorridos no dia sete de janeiro do corrente, do ex-Deputado
Estadual Wilson Mânica e do Senhor Ricardo Alexandre Dantas. Ainda, teceu
considerações sobre os problemas verificados no sistema de segurança pública
gaúcho, mencionando homicídio praticado contra Marceles Flores no dia quatro de
janeiro do corrente, no Município de São Sebastião do Caí e afirmando que a
maioria dos crimes dessa natureza são praticados por pessoas evadidas do
sistema carcerário. O Vereador Raul Carrion contrapôs-se ao discurso realizado
pelo Vereador Luiz Braz e criticou os sistemas políticos baseados no
neoliberalismo, defendendo a importância da participação dos partidos
comunistas na História do Brasil e emprestando apoio ao projeto político
proposto pelo Senhor Luís Inácio Lula da Silva, Presidente da República.
Também, elogiou programa apresentado pelo Senhor Olívio Dutra, Ministro das
Cidades, para a regularização de moradias destinadas às pessoas de baixa renda.
Na ocasião, o Vereador Luiz Braz manifestou sobre o pronunciamento efetuado
pelo Vereador Raul Carrion em Comunicações. Às onze horas e dezenove minutos,
os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às onze horas e
vinte e um minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÕES, o
Vereador Sebastião Melo saudou o Vereador João Antonio Dib pela assunção ao
cargo de Presidente deste Legislativo e felicitou o trabalho realizado pela
Diretoria Legislativa. Ainda, manifestou-se sobre o Aterro Sanitário da
Extrema, sobre declaração judicial de indisponibilidade de bens dos Senhores
Gerson Almeida e Jorge Moojen, sobre a fiscalização promovida pela Secretaria
Municipal da Produção, Indústria e Comércio sobre os camelôs irregulares e
sobre propostas do Governo Federal para a área social e manutenção de direitos
trabalhistas. O Vereador Zé Valdir examinou a questão da violência urbana,
questionando a atuação da Brigada Militar no corrente ano e alegando que a ação
policial deve ser limitada ao que dita a legislação, sob pena de retrocesso
social. Também, comentou discursos efetuados no dia de hoje pelos Vereadores
Luiz Braz, Raul Carrion e Isaac Ainhorn, que trataram, respectivamente, do
neoliberalismo, da história do PC do B no Brasil e da cobrança do Imposto
Predial e Territorial Urbano - IPTU - em Porto Alegre. A Vereadora Clênia
Maranhão, refletindo sobre a missão da Comissão de Saúde e Meio Ambiente desta
Casa, defendeu a constituição de Comissões Permanentes que atendam, separadamente,
às demandas das áreas da saúde e do meio ambiente. Ainda, citou a necessidade
de fiscalização das obras de reforma do prédio do Hospital de Pronto Socorro,
da qualidade do atendimento nos hospitais e da problemática ambiental que
envolve a construção de obra de saneamento na Avenida Diário de Notícias. Às
onze horas e cinqüenta e seis minutos, constatada a inexistência de quórum, o
Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores
Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelos Vereadores João Antonio Dib e Elói Guimarães e
secretariados pelos Vereadores Maria Celeste e Elói Guimarães, este como
Secretário "ad hoc". Do que eu, Maria Celeste, 1ª Secretária,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Com seis Vereadores
presentes, temos quórum para que seja aberta a Sessão; não temos quórum ainda
para entrar na Ordem do Dia, mas vamos fazer uma alteração regimental: em
primeiro lugar teremos o período de Comunicações. A palavra está à disposição
para alguma Comunicação de Líder.
O
SR. RAUL CARRION (Questão de Ordem): Sr. Presidente,
permita-me contribuir. Tenho o entendimento de que o período de Comunicações
não é ainda o período de Comunicações de Líderes. O período de Comunicações é
para os Vereadores titulares se manifestarem, seguindo a ordem de A a Z.
Independente disso, há a possibilidade das Comunicações de Lideranças.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): V. Ex.ª está correto
quanto ao período das Comunicações, só que a nossa colocação é de que teremos
de fazer uma nova verificação de quórum para ingressarmos na Ordem do Dia, para
o que nós precisaríamos da presença de nove Srs. Vereadores.
O
SR. RAUL CARRION (Questão de Ordem): A minha sugestão é que
invertamos a ordem: em vez de ingressarmos na Ordem do Dia, comecemos pelo
período de Comunicações.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu penso que V. Ex.ª,
mais uma vez, está correto, mas nós temos que alterar o Regimento e, em relação
a isso, eu já fiz uma proposição para que, no novo Regimento, seja assim. Mas,
neste momento, para que pudéssemos fazer isso, nós teríamos que votar, e, para
votar, nós teríamos que ter nove Vereadores e só temos seis Vereadores. Por
isso, eu estou colocando a palavra à disposição das Lideranças.
A Ver.ª Maria Celeste, 1.ª Secretária,
procederá à leitura das proposições apresentadas à Mesa.
(A Vereadora 1.ª Secretária faz a leitura
das proposições.)
Neste momento, coloco a palavra à
disposição das Lideranças. Eu chamo a atenção, já que foi levantado o problema
pelo Ver. Raul Carrion, de que deveríamos entrar na Ordem do Dia. Também devo
lastimar que não tenhamos quórum para entrar no período da Ordem do Dia, já que
todos os Vereadores da Comissão Representativa foram, ontem, avisados de que
esta Reunião aconteceria às 9h30min.
O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Sr.ªs
Vereadoras e Srs. Vereadores, estamos começando, hoje, a primeira Reunião de
Instalação da Comissão Representativa.
Neste final de semana, eu tive a
oportunidade de ir ao litoral, e, mais uma vez, nos deparamos com um tema sobre
o qual eu já fiz uma abordagem, que se está repetindo: é a diferença de preços
dos combustíveis de Porto Alegre em relação aos do litoral. Primeiro, que, na
semana passada, os combustíveis subiram em todo o território nacional, e essa
diferença dos preços do litoral para Porto Alegre está chegando, hoje, à ordem
de, no mínimo, 11,8%.
(Manifestação anti-regimental do Ver. Ervino Besson.)
Vereador, quando eu coloco “no mínimo” é
o mínimo - 11,8%; há outras diferenças. Eu usei como parâmetro o menor preço
aqui em Porto Alegre –2 reais e 19 centavos -, e, na praia, o menor – 2 reais e
45 centavos.
Então, queremos insistir, e já fizemos
isso em anos anteriores, e sugerir que a população de Porto Alegre, que viaja
nos finais de semana para o litoral, abasteça em Porto Alegre e não abasteça no
litoral. Nós temos que fazer uma campanha maciça para que os donos de postos de
combustíveis do litoral comecem também a saber que têm de se adequar a essa
nossa realidade. Por que os preços abusivos? Parece que no litoral, como as
pessoas estão de férias, têm de cobrar preços abusivos, de extorquir grande
parte da população.
Então,
no nosso entendimento, nós temos que fazer um chamamento claro, e aqui eu quero
fazer o convite aos Srs. Vereadores para que possamos nos engajar neste
movimento para solicitar que os preços dos combustíveis no litoral sejam
idênticos aos de Porto Alegre. Ou seja, vamos usar um slogan: “Não abasteça na praia!” É um chamamento que nós vamos
começar a fazer e, se for necessário, vamos mobilizar também grande parte da
imprensa do Rio Grande do Sul. Mas entendemos que é oportuno, porque, numa
época como a nossa, simplesmente porque mudou e aumentou a taxa dos
combustíveis, no litoral, resolveram, então, fazer uma diferenciação enorme. Eu
volto a dizer que as diferenças mínimas aqui são de aproximadamente 12%. Há
alguns lugares com valores maiores ainda.
Se
nós começarmos a notar o que é que significa isso, veremos que significa que, a
cada dois fins de semana, ganharíamos uma ida ao litoral. Então, é uma outra
conjectura que podemos fazer, em termos matemáticos: que, a cada dois fins de
semana em que eu vou para a praia e tiver que abastecer no litoral, uma viagem
de deslocamento de Porto Alegre ao litoral ou vice-versa, já está embutida
nesse preço.
Então,
o nosso chamamento, mais uma vez aqui, é para que a população fique atenta,
abasteça em Porto Alegre, não abasteça no interior, até que os doze postos de
combustíveis do interior – e eu digo interior aqui, o litoral norte – se
conscientizem e baixem os seus preços. À medida que abaixarem os seus preços,
eu vou ocupar esta tribuna também para informar e trazer à realidade que eles,
pelo menos, poderão ser sensíveis. Agora, do jeito que está, esse preço abusivo
de, no mínimo, 12% de diferença, é inadmissível!
E
eu volto a dizer: a cada dois fins-de-semana, um trecho de deslocamento é por
conta desse aumento. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. RAUL CARRION: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras e todos os que nos
assistem aqui e nas suas casas pela TV Câmara, como já disse o Ver. Carlos
Alberto Garcia, estamos iniciando os trabalhos do recesso. Durante o recesso
nós trabalhamos; por isso iniciamos os trabalhos nesta 1.ª Reunião da Comissão
Representativa. E um tema sobre o qual queremos tratar, em nome da Liderança do
PC do B, é exatamente os novos tempos que se abrem para o povo brasileiro, a partir
de 1.º de janeiro, com a posse na Presidência da República, de um operário
metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva e cujos primeiros passos neste Governo
mostram que, realmente, abrimos uma nova página de mudanças no nosso Brasil.
O tempo de Liderança é pouco, mas quero
chamar a atenção para algumas coisas emblemáticas desta nova fase. A primeira
delas: o grande combate à fome levantado pelo nosso Presidente-operário. Isso
quase que surpreendeu as elites deste País, há tantos séculos acostumadas com o
fenômeno da fome de milhões de brasileiros, visto como algo natural - quem sabe
um desejo dos deuses –, e que em nada afetava a vida do nosso Brasil.
Pois esse operário, saído de Garanhuns,
colocou a mão “na chaga” e levantou uma bandeira simples, mas essencial para a
nacionalidade: enquanto um brasileiro passar fome nós não podemos estar
tranqüilos.
A questão da solidariedade, a questão dos
direitos dos humildes passa a ser a questão primeira do novo Brasil. Não é mais
o humor do mercado. Nos governos anteriores, Ver. Luiz Braz, a referência não
era a fome do povo, não era a necessidade do povo, não era o desenvolvimento
nacional, eram os humores do mercado. E o que é o mercado - pergunta o povo -,
será um ente abstrato? O mercado, na linguagem do capital, são os grandes
empresários, os grandes banqueiros, as multinacionais, os interesses do capital
financeiro internacional. Era isso que comandava a política no Brasil. Hoje
mudou. As necessidades do nosso povo começam a comandar a política do Brasil.
Mas não é só o combate à fome; coisas
pequenas, mas essenciais, estão mudando. O Ministro Jaques Wagner, do Trabalho,
já falou. O Projeto que acabava com a CLT, Ver. Ervino Besson, que foi
desenvolvido, no primeiro momento, pelo Governo Vargas, esse Projeto já havia
sido aprovado na Câmara Federal, será retirado do Senado para se fazer uma
ampla discussão sobre o avanço social dos Direitos Trabalhistas.
Mas não é só isso. No campo político, a
Lei da Mordaça, aprovada na Comissão do Senado, pretendia amordaçar o Ministério
Público, amordaçar o Judiciário; impedir que as falcatruas e que a imoralidade
no serviço público fossem denunciadas, o Advogado-Geral da União, Álvaro
Ribeiro Costa, também disse em alto e bom som: “O Governo Lula, o nosso
Governo, lutará para que a Lei da Mordaça seja jogada no lixo dos corruptos, no
lixo dos que não querem a transparência neste País.”
Mas não é só isso, a Base de Alcântara,
que esta Casa fez uma Moção, Ver. Elói Guimarães, que contou com o seu apoio,
com o seu voto e com o seu discurso veemente nesta tribuna, o Ministro Roberto
Amaral disse: “Lutaremos para que esse acordo seja revisto, apoiaremos o
Parecer do Senador Valdir Pires, que condiciona o aluguel da Base de Alcântara
à transferência de tecnologia; condiciona ao respeito à soberania nacional.”
Temos o Programa do nosso ex-Governador Olívio Dutra que propõe isenções para a
regularização dos imóveis nas favelas, daqueles que não têm como pagar o
registro, não têm como pagar os impostos na Prefeitura. Estamos abrindo uma nova
fase.
No campo do esporte, o nosso Ministro
Agnelo Queirós, do Partido Comunista do Brasil, coloca o esporte a serviço dos
excluídos como instrumento de inclusão social.
Concluo, portanto, dizendo que novos
tempos de esperança, novos tempos de inclusão social, de transformações sociais
se abrem em todos os campos. Os primeiros passos mostram que o povo teve razão,
e o povo está cheio de esperanças e mudará este Brasil; e esta Casa,
certamente, contribuirá para isso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Luiz Braz está
com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. LUIZ BRAZ:
Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, evidente que
todos nós, Ver. Elói Guimarães, estamos torcendo para que o Governo,
recém-instalado neste País possa cumprir com todos os seus planos, e,
contrariamente à ação do Partido e dos aliados do Ver. Raul Carrion, vamos
colaborar o máximo que pudermos para que os projetos elaborados pelo Sr.
Presidente da República possam chegar a bom termo. O Ver. Raul Carrion foi
sempre partidário do “pior, melhor”, e sempre procurou impedir que os outros
Governos pudessem fazer qualquer outra coisa, porque afinal de contas o seu
Partido é um Partido Comunista e sempre o Partido Comunista cresceu na miséria,
cresceu fazendo com que a desgraça pudesse estar presente na vida das pessoas,
assim como acontece em Cuba, assim como acontece na Albânia, assim como
aconteceu na Rússia antiga, assim como aconteceu em todos os locais onde o
Partido Comunista esteve. É claro que este projeto de combate à fome é um
projeto que todos nós temos que nos unir a ele, eu acho que é um projeto
altamente meritório, acho que realmente é uma batalha muito grande, mas que
deve ser encarada assim como está propondo o Presidente Lula. Aliás, eu quero
cumprimentar a linha de conduta do atual Presidente da República, ele,
contrariamente do que faz aqui o Ver. Raul Carrion, quando vem aqui nesta
tribuna, não dispara metralhadora contra ninguém, ele simplesmente conclama a
que todos possam participar desse programa, porque ele acredita que sozinho
ninguém vai chegar a lugar nenhum, e que nós temos é que nos unir. Mas os
partidos comunistas sempre foram partidários da exclusão, eles têm que chegar
sozinhos aos lugares, eles têm que mandar sozinhos, porque, afinal de contas,
são ditadores, são partidos que estão acostumados a liquidar com a sociedade,
então, eles têm que agir assim, criticando, agir demolindo, denegrindo todo
mundo, enlameando toda a sociedade para que eles possam parecer os únicos
realmente salvadores da pátria, surgem como se fossem salvadores, mas na
verdade desgraçam toda a sociedade onde eles estão presentes.
O que eu quero dizer é que tem algumas
coisas que são altamente positivas e que eu quero saudar, como o projeto, por
exemplo, de combate à fome. Existem algumas coisas que não estão no controle do
próprio Governo Lula; estão mais sob o controle da ordem econômica
internacional. Como é que o Presidente do Banco Central assumiu? O Presidente
do Banco Central é alguém do meu Partido e que tomou posse, e eu tenho certeza
absoluta de que não foi assim um ato generoso, magnânimo, por parte do Partido
dos Trabalhadores, porque afinal de contas o próprio Partido dos Trabalhadores
assumiu com um discurso de que iria governar com os seus, dentro das suas
linhas, mas depois de uma visita de algumas horas ao Presidente Bush, o nosso
Presidente da República viu que quem manda realmente colocar o Presidente do
Banco Central não é o PT, não é o nosso Presidente da República, quem mandou
colocar o Presidente do Banco Central foi a ordem econômica internacional e lá
está o Meirelles. E hoje foi publicada uma manchete no jornal Zero Hora que, acredito, mostra muito
bem a realidade que estou falando aqui da tribuna. “A autonomia do Banco
Central dá o tom na posse de Meirelles.” O que significa isso, Ver. Elói
Guimarães? “A autonomia do Banco Central.” O Presidente da República, o Governo
Federal não vai dizer para o Banco Central o que ele deve fazer, o Banco
Central vai fazer aquilo que a ordem econômica internacional vai dizer para ele
fazer, porque acontece que nós, infelizmente, hoje, ou felizmente, temos uma
economia, Ver. Elói Guimarães, que é dependente; mas não é só o Brasil que tem
a economia dependente, todos os países têm essa economia dependente e por isso
mesmo hoje nós temos problemas na Alemanha, no Japão, problemas econômicos
seriíssimos que começam a grassar em determinados países que de repente têm que
se prender também à política econômica internacional e por isso mesmo eles não
conseguem também, lá nos seus países, as vitórias que, é claro, aquele povo
também gostaria de ter. Mas aqui, contrariamente a tudo aquilo que foi feito
pelos comunistas e pela ala radical do PT, nós vamos ajudar o mais que pudermos
para que o Presidente da República possa atingir os seus reais e verdadeiros
objetivos, se esses objetivos forem realmente no sentido de combater a fome e
de fazer com que este País possa ser um País de todos os brasileiros e não um
País apenas de uma minoria.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Ervino Besson
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs
Vereadoras, senhoras e senhores que nos assistem pela TV Câmara, eu queria
saudar a todos. No dia de ontem, estivemos na CEASA - eu tive uma passagem na
direção da CEASA, durante três anos -, quando foi a posse da sua nova
diretoria, onde se fez presente também o nosso Governador, Germano Rigotto.
Destaco esse acontecimento, e o faço com muita alegria, porque, na escolha da
nova direção da CEASA, acho que o Governador foi muito feliz: assumiu o
Presidente Ernesto da Cruz Teixeira, que já teve uma passagem por vários anos
na direção da CEASA, retornou à sua direção um homem que tem conhecimento muito
profundo na nossa Central de Abastecimento; também o Roneide Valdecir
Dornelles, como Diretor Administrativo e Financeiro. Essas funções, na minha
época, eram separadas, hoje, parece-me que juntou a Direção Administrativa com
a Direção Técnico-Financeira.
Mas eu quero destacar aqui o acerto do
Governador em toda a escolha, dando oportunidade para que as duas associações
da CEASA: a Associação dos Produtores e a Associação dos Atacadistas
escolhessem um dos três diretores, e assim foi feito. Foi escolhido para
Diretor Técnico Operacional o Sr. William Gonçalves de Aimoré Ramos. Como já
disse, meu caro Presidente João Antonio Dib, grande acerto do nosso Governo do
Estado, porque ele conseguiu com isso que aquele grupo que compõe a CEASA, que
são as Associações dos Produtores e dos Atacadistas também fossem
representadas. Ontem, após o Governador dar a posse à nova direção, na entrada
do GNP, a alegria daqueles produtores, daqueles funcionários da CEASA,
principalmente, quando o Governador subiu num carrinho dos entregadores e, num
rápido pronunciamento, comunicou que foi feita uma reunião prévia com a nova
direção da CEASA e com o Secretário da Agricultura, decidindo que a CEASA não
mais funcionaria nos domingos à tarde, sentiu-se a emoção com que foi recebida
essa notícia pelos produtores, pelos compradores e pelos trabalhadores da
Central de Abastecimento do Estado do Rio Grande do Sul, pois aquelas famílias
não tinham nem o domingo para o lazer. Esse assunto do comércio aos domingos
foi amplamente discutido nesta Casa, Ver. Zé Valdir, e perdemos, mais uma vez,
na Justiça. O não-funcionamento da CEASA aos domingos foi o início. Todos
agradeceram ao nosso Governador pela iniciativa, como se fosse um presente de
Natal.
Ouviu-se há pouco o pronunciamento dos
Vereadores Luiz Braz e Raul Carrion. Nesse meu primeiro pronunciamento, desta
primeira reunião da Comissão Representativa, que faço em nome da minha Bancada,
PDT, e acaba de entrar aqui no Plenário o nosso querido Líder, Ver. Isaac
Ainhorn, faço este pronunciamento com muita alegria. Vamos pedir a Deus que
este ano de 2003 traga muita saúde e muita alegria para o povo brasileiro e ao
nosso Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, aos nossos Governos
dos Estados, a nossa Câmara Federal, ao nosso Senado da República, as nossas
Prefeituras, todos os Parlamentos, a nossa Câmara Municipal para que juntos
possamos trabalhar para que este País retome um outro caminho, o caminho que o
nosso povo aguarda com muita ansiedade.
Quero desejar também ao nosso Presidente,
que preside os trabalhos desta primeira Sessão como Presidente desta Casa, Ver.
João Antonio Dib, muita saúde, muita sorte, somos um dos Vereadores que
pertencem à Mesa Diretora, V. Ex.ª pode contar com a nossa colaboração para que
esta Casa faça um trabalho transparente, voltado aos trinta e três Vereadores,
porque somos os representantes legítimos do povo da nossa Cidade, porque é
nessa linha, nessa intenção, que vamos trabalhar juntos, de forma harmônica, tranqüila,
porque quem ganha com isso é o povo da nossa cidade de Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Sou grato, Ver.
Ervino Besson. O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para um Requerimento.
O
SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Considerando que, no
período de recesso parlamentar, que vai de 15 de dezembro a 15 de fevereiro, a
Câmara Municipal de Porto Alegre desenvolve as suas atividades parlamentares,
legislativas e de Plenário através da Comissão Representativa, e considerando a
importância das manifestações políticas por parte dos integrantes deste
Legislativo, eu gostaria de requerer a V. Ex.ª que, de plano, deferisse o
Requerimento da Bancada Trabalhista, no sentido de que, antes do ingresso na
Ordem do Dia, nós proporcionássemos que o período antecedente fosse, além das
manifestações de Liderança, também as manifestações dos Vereadores Titulares e
Suplentes da Comissão Representativa nas suas manifestações de Comunicação.
Sou grato a V. Ex.ª.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Ver. Isaac
Ainhorn, solicitação semelhante foi feita pelo Ver. Raul Carrion, mas, naquele
momento, nós não tínhamos o número suficiente de Vereadores em Plenário. Mas eu
acho que há consenso e de plano eu defiro.
O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Eu
expenderei algumas considerações acerca do nosso Regimento, que é um
instrumento processual, por assim dizer, uma ferramenta colocada à mão do
Vereador para exercer o seu mandato, o que significa dizer, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, que a sua observância é fundamental, e a experiência, ao longo
do tempo, tem demonstrado que, muitas vezes, a Mesa, a Presidência dos trabalhos,
toma decisões de cunho subjetivo, o que representa para o Plenário que é
exatamente o órgão de maior instância, acima do Presidente, que fica por vezes
frustrado na sua ação, enfim, nos seus objetivos.
Eu acho importante, Presidente João Dib,
e saúdo V. Ex.ª, que em uma série de decisões que a Mesa adota, que o
Presidente adota, possam ser, sim, sistematizadas; interpretações a
determinados pontos do Regimento, na minha opinião, devem ser sistematizadas
para que não ocorra dualidade de decisão. Ao longo do tempo, nós temos, todos
os Vereadores sabem, assistido a decisões exatamente de conteúdos diferentes.
Isso se deve não a intenção do Presidente ou do eventual Presidente dos
trabalhos, mas a toda essa velocidade que se exige da Mesa, do Presidente e da
assessoria legislativa para dar respostas imediatas a questões, muitas vezes,
de grande complexidade. Eu tenho visto ao longo do tempo a questão do recurso,
por exemplo, que é um instrumento que leva ao Plenário, que é a maior instância
da Casa... - a Casa tem no Plenário a sua soberania, é o órgão da Casa mais
alto, que representa, por assim dizer, se pudéssemos fazer aqui um comparativo,
nós diríamos que o Plenário está para o Legislativo como o Supremo Tribunal
Federal está para o Judiciário, ou seja, o Plenário é a maior instância
decisória -, e quando, muitas vezes, um recurso não é provido, se afasta o
Plenário de agir, de atuar. Isso tem ocorrido e exemplifico, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, com a questão ligada ao recurso, no que diz respeito à forma
como se recebe o recurso, com efeito suspensivo, com efeito devolutivo. Nós já
temos discutido o assunto, se o efeito suspensivo não for adotado, ele retira
do Plenário, vejam V. Ex.ªs, a possibilidade de o órgão soberano se
manifestar. Então, são questões que vão surgindo ao longo da administração
legislativa, que, na minha opinião, deveriam ser sistematizadas, no sentido de
que se adotasse a homogeneidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Sou grato, Ver. Elói
Guimarães. E já que V. Ex.ª falou em Regimento, esta Presidência fará cumprir
religiosamente o que preceitua o Regimento que hoje está em vigor. Por isso,
quero informar que há cinco solicitações de utilização do Grande Expediente e
de Comunicações para homenagem. Quando for aprovada pelo Plenário a utilização
do Grande Expediente para homenagear essa ou aquela entidade, essa ou aquela
pessoa, todo o Grande Expediente ou as Comunicações serão utilizados,
exclusivamente, porque foi assim que o Plenário aprovou, para homenagem. Não há
de acontecer que tenha oito inscrições, dois falem sobre homenagem e os
restantes falem sobre outros assuntos, deslocando a ordem de formação do nosso
expediente do dia.
O Ver. Zé Valdir está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O
SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, minha
intenção inicial era falar sobre a questão da segurança, mas frente ao
pronunciamento do Ver. Luiz Braz, eu sou impelido a responder ou debater duas
questões que o Vereador trouxe a debate nesta tribuna. A primeira é a
caricatura que ele faz dos partidos comunistas. Eu digo que é uma caricatura,
porque o Vereador fez uma análise do partido comunista abstraindo a História.
Simplesmente fez um juízo de valor político-ideológico, que tem direito de
fazer, é história, mas um juízo de valor descolado da história e da história
brasileira, que até está em novela agora, sendo apresentada.
Então, não tenho procuração do PC do B
para defendê-lo, mas, como Professor de História, sou obrigado a colocar aqui
algumas coisas, desta tribuna. Não dá para tratarmos desta forma os partidos
comunistas, com a tradição que têm, desde a sua origem, em 1922; prestaram
relevantes serviços à causa da democracia, inclusive enfrentando dois períodos
difíceis da nossa História: o período do fascismo, com enfrentamentos, com os
seus líderes presos e o Estado Novo, que foi um Estado fascista instalado aqui
no Brasil. Podemos ter todas as avaliações laudatórias em relação a Getúlio
Vargas, mas ele teve a sua fase fascista, de 1937 a 1945. Depois, teve um
importante papel na redemocratização, inclusive com o Prestes até apoiando,
posteriormente, o Getúlio, abrindo mão de questões, inclusive pessoais, e tinha
todos os motivos para odiar Getúlio. Depois, no período da ditadura militar,
houve o papel importante dos partidos comunistas na luta contra a opressão da
ditadura militar, na reconquista do estado de direito, da democracia.
Então, Vereador, não dá para fazermos uma
caricatura dessa forma. Acho que as críticas que temos aos partidos devem ser
colocadas de outra forma, sob pena de usarmos este microfone para deseducar a
população.
A outra questão é que o Vereador insinua
que a indicação de Meirelles para o Banco Central foi uma coisa determinada
pelo capitalismo internacional, que nós estaríamos fazendo a mesmice, ou seja,
como hoje a globalização é uma realidade, a internacionalização das economias é
uma realidade. O Vereador tem toda razão nisso, estaríamos nos inserindo nesse
capitalismo internacional da mesma forma que os neoliberais, os dois
“Fernandos”, se inseriram. Ora, Vereador, isso é de uma miopia brutal, porque
basta analisar o episódio recente, do envio de gasolina para Caracas, que
mostra exatamente que o que estamos fazendo mudou completamente.
Queremos, é claro, nos inserir na ordem
internacional, mas do ponto de vista da soberania da Nação. Vejam que esse
episódio mostra exatamente isso: ao enviarmos gasolina para Caracas, nós
contrariamos a política de Bush, nós contrariamos a política americana, porque
eles não querem isso; eles querem derrotar o regime que está lá. E nós, ao
fazermos isso, estamos reforçando o MERCOSUL e não a ALCA, que é a proposta
americana. V. Ex.ª faz uma análise completamente alheia aos fatos,
completamente paralela a tudo que está acontecendo; analisa um aspecto, faz um
julgamento, mas não observa os fatos, a história que está acontecendo, nem a
história recente neste caso, nem a história pregressa, no caso quando analisa a
atuação dos partidos comunistas na História brasileira.
Faço este pronunciamento, porque penso
que o microfone da Câmara de Vereadores tem de ser usado de forma educativa,
para que a população que está nos assistindo possa também usufruir dos debates,
e para que os debates também se elevem. Não podemos colocar questões aqui que
afrontem a História e aquilo que hoje já está assente em termos de análise
histórica por todos os cientistas e historiadores deste País. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos às
O Ver. Almerindo Filho está com a palavra
em Comunicações. Ausente. O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra em
Comunicações. Ausente. O Ver. Carlos Pestana está com a palavra em
Comunicações. Ausente. A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra em
Comunicações. Ausente.
O
SR. RAUL CARRION (Requerimento): Sr. Presidente, tem
sido praxe nesta Casa, durante o recesso parlamentar, que o período previsto de
dez minutos, que é muito longo e não permite que a maioria dos Vereadores possa
usar da palavra nas Comunicações, seja reduzido para cinco minutos; normalmente
tem sido proposta e aceita essa alteração. Faço a sugestão para que seja feita
uma consulta ao Plenário.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu submeto à
consideração do Plenário, se aceitarem a proposição, em vez de dez minutos
serão utilizados cinco minutos.
O
SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, em
nome da Bancada do PDT, nós entendemos que, neste momento - tendo em vista a
relevância da Comissão Representativa e, normalmente, o número de Vereadores
presentes -, devemos manter, por enquanto, os dez minutos. E, posteriormente,
em uma reunião das Lideranças com a Mesa Diretora e, sobretudo, com V. Ex.ª,
nós poderemos avaliar a possibilidade de estabelecimento de tempos diversos.
Sou grato a V. Ex.ª.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nós não temos quórum
neste momento para fazer a votação, temos oito Vereadores em Plenário, então,
realmente eu sou obrigado a aceitar a colocação do Ver. Isaac Ainhorn, que é
contrário à utilização de cinco minutos em vez de dez minutos.
O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
em Comunicações.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, os
jornais de hoje do País e, acredito, Ver. Zé Valdir, até a imprensa
internacional trazem referências à manchete nacional: “Autonomia do Banco
Central dá o tom na posse de Meirelles.” Acredito que esse assunto, pelo menos
aqui na América Latina, tenha tomado grandes espaços, e já vou dizer por quê.
Primeiro, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
como preliminar a uma análise ao novo governo que se instala, é bom que se
coloquem os nossos propósitos, os nossos desejos para que o Presidente Lula
tenha o maior êxito possível. Até porque, com referência às decisões do
governo, equivocadas, erradas ou certas, quem paga é o povo. O povo é,
exatamente, o destinatário das decisões do governo. Acertou, é importante para
o povo; errou, o povo paga. Então, o governo é, em última análise, um
intermediário, o fim é o povo. Mas, se nós examinarmos a História, Ver. Raul
Carrion, se examinarmos a história do movimento de esquerda, do movimento
democrático em nosso País, vamos nos deparar com alguma insatisfação diante da
grande manchete, hoje, em nosso País e, de resto, acredito, na América Latina,
que é a autonomia dos bancos centrais.
Para a esquerda, para o movimento de
oposição, historicamente, sempre foi muito cara a intocabilidade do Banco
Central. O que isso significa dizer? Significa dizer que os governos, todo o
aparelho de Estado, a ele o conjunto de organismos deve estar subordinado e
significa ainda dizer, em última análise, que, ao Presidente eleito pelo povo,
ao Presidente da República deve ser dada a plenitude da sua ação e da sua
administração.
São da direita, historicamente,
tentativas que acompanham o processo histórico, político e ideológico nacional;
é da direita a tese de estabelecer um certo gerenciamento ao Banco Central,
pela sua importância.
Bem, andou bem o Presidente da República
escolhendo o ex-presidente do Banco de Boston, o símbolo da aristocracia
financeira mundial? Acredito que sim, quero deixar claro isso, porque se trata
de algo que se relaciona com o mundo financeiro internacional.
Agora, o que estranhamos, Ver. Raul
Carrion, é exatamente que, embora se tenha colocado isso nas mãos de um homem
da confiança do mercado financeiro internacional - e não vai crítica, não vai
crítica, senão um registro para a história, sim, para a história do movimento
de oposição em nosso País! -, o que não se pode, na minha opinião, é comprometer
- veja V. Ex.ª, que me escuta e que vai fazer o aparte - a dependência do Banco
Central ao Presidente da República, ao Governo eleito pelo povo. É uma tese
nossa que vem de longe: o Presidente da República, o Governo, os seus
instrumentos significativos têm que estar na mão do Governo. Embora nós
saibamos das dificuldades, nós temos que perceber que as relações
internacionais, de um tempo a esta data, passaram, sim, a ter verdadeiros
comandos que tornam a governabilidade e a decisão relativas e não mais absolutas.
Então, causa espanto. Eu não estou aqui
fazendo crítica, porque é muito simples fazer crítica, fazer como o PT fazia no
passado! Vamos deixar claro: quando o Presidente da República Fernando Henrique
Cardoso escolheu esse Presidente do Banco Central, o mundo caiu. Hoje, veja V.
Ex.ª, eu apenas estou fazendo registros, imagine se o Presidente fosse o Serra
e tivéssemos isso no jornal, qual seria a ação política do movimento de
esquerda, dos partidos de esquerda em nosso País? Olhe, o mundo cairia! Cairia!
Então, eu ouço V. Ex.ª, porque eu acho
que este é um debate importante para o registro, porque nós começamos a
observar determinadas contradições muito sérias e profundas que valem, sim,
para o bem do Brasil. Quero deixar isso aqui muito claro. Agora, aquele
catecismo – veja V. Ex.ª – que muitas vezes tinha...
O
Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Em primeiro lugar, quero parabenizar V. Ex.ª pelo alto nível do
debate que traz para esta Casa, diferente de alguns outros Vereadores que o
antecederam, que caíram no mais baixo anticomunismo, que beira o fascismo, que
não têm capacidade de uma discussão do nível que V. Ex.ª tem.
Entrando objetivamente no assunto, eu
gostaria de dizer que o meu Partido, o Partido Comunista do Brasil, comparte a
idéia de que o Banco Central tem que estar sob o controle do Presidente da
República. Por quê? Porque o povo brasileiro, ao eleger um Presidente, quis
mudar essa política econômica neoliberal, de entrega do País, de liquidação dos
direitos dos trabalhadores, de exclusão social.
Então, nós temos opinião semelhante e
achamos que é, realmente, digamos, a história da luta dos setores progressistas
da sociedade.
O que está em discussão é que tipo de
independência – entre aspas – será dada ou não. Nós temos essa posição de que o
controle da política do Banco Central tem que estar com a nova composição
social do Governo.
Nós sabemos que existem órgãos, como a
AGERGS, por exemplo, que têm mandato e que, portanto, independem da nomeação do
Governador, no caso hoje existente, assim como “independeram” do Governador
Olívio, quando ele assumiu, mas não pode haver uma situação em que perca o
Governo Central o controle.
Neste sentido, compartimos com a sua
opinião. Muito obrigado.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sou grato a V. Ex.ª, Sr. Presidente, e
encerro. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Ervino Besson
está com a palavra.
O
SR. ERVINO BESSON (Requerimento): Sr. Presidente, eu
gostaria que V. Ex.ª colocasse à apreciação do Plenário o Requerimento de que
seja feito um minuto de silêncio pelo falecimento do Deputado Wilson Mânica, um
homem que deixou uma história para este País. Ficou um vazio, e acho que é
muito justo que esta Casa faça um minuto de silêncio em homenagem a esse grande
parlamentar e, também, incluindo o nome de Ricardo Dantas, cunhado do nosso
Comandante Nélson Pafiadache, brutalmente assassinado, ontem, em São Leopoldo.
Acredito que São Leopoldo e o nosso Estado estão numa situação de alerta
terrível, pela forma brutal como foi assassinado, no dia de ontem, o cunhado do
nosso Comandante da Brigada Militar.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Deferido. Solicito
que, de pé, se faça um minuto de silêncio em homenagem ao falecimento do Sr.
Wilson Mânica e do Sr. Ricardo Dantas.
(Faz-se um minuto de silêncio.)
O
SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nesta
primeira Reunião da Comissão Representativa do início da Sessão Legislativa do
ano de 2003 cumpre-me, inicialmente, em nome da Bancada do PDT, saudar mais uma
vez a nova Mesa Diretora e a V. Ex.ª, Ver. João Antonio Dib, que encabeça, na
condição de Presidente, este Legislativo. Quero dizer que tenho acompanhado as
primeiras medidas de V. Ex.ª e tenho já observado a sensibilidade com que V.
Ex.ª, à frente deste Legislativo, tem tomado, com equilíbrio, com grande
sensibilidade e com espírito democrático.
Feitas estas considerações
de saudação, desejo, neste momento, trazer à discussão temas mais “chãos”, mais
“terra a terra”, Ver. Zé Valdir, mais daquilo que diz respeito à nossa Cidade,
mais daquilo que diz ao nosso cotidiano e ao munícipe da cidade de Porto
Alegre.
Ao apagar das luzes do ano de 2002, esta
Casa teve a sensibilidade de, por meio do bloco da oposição neste Legislativo,
impedir a votação de um Projeto que causaria mais um pesado ônus ao munícipe
contribuinte da cidade de Porto Alegre. Rejeitou, porque não teve o quórum
necessário, e o PT aceitou essa condição, porque não tinha votos para aprovar o
Projeto, pois a oposição, unida, disse, de forma taxativa, que não
implementaria e não contaria os votos necessários para a aprovação da taxa de
iluminação pública na Cidade de Porto Alegre, e não o daria porque não houve
transparência nas informações aqui trazidas, seja em relação ao que
representaria em termos de receita e em termos de despesa.
De outro lado, temos conhecimento de que
o aumento da energia elétrica, que ocorrerá na base de 30%, constituir-se-á num
duro golpe em relação aos munícipes de Porto Alegre. É óbvio que esses 30%
repercutirão na arrecadação do Município, na medida em que aumentando 30%,
aumenta também a contribuição do ICMS. Em aumentando o ICMS, aumenta a
participação do Município, que tem de retorno 25% do ICMS. Ora, aumentando-se
dessa maneira, embora a taxa em alguns Municípios tenha sentido, aqui na cidade
de Porto Alegre não é necessária.
Quero,desta tribuna, manifestar, Ver.
João Antonio Dib, a minha preocupação com os carnês, que ainda não chegaram à
casa dos contribuintes e terá um aumento, através de decreto do Prefeito
Municipal, de 25,31%. Vejam V. Ex.ªs que o Prefeito assinou um
decreto e ainda ontem, atrasado - aliás, esta é uma questão discutível -,
porque ontem no Diário Oficial do Município, já de janeiro, saiu o decreto dos
novos valores dos metros quadrados das construções da cidade Porto Alegre.
Pergunto a V. Ex.ª, Presidente desta Casa, que conhece a matéria tributária com
grande propriedade e profundidade, se esse Decreto de reajustamento dos metros
quadrados das construções da cidade de Porto Alegre não deveria ter sido
publicado antes da virada do ano, obedecido ao princípio da anualidade em
matéria de natureza tributária. É a pergunta que eu também formulo ao
ex-Presidente da Comissão de Constituição e Justiça: se esse Decreto não
deveria ter sido publicado no Diário Oficial do dia 31 de dezembro. Mas saíram
no Diário Oficial do dia 07 de janeiro os novos preços dos metros quadrados!
Tem valor isso, aumentar e onerar a população? É uma questão que deixo aberta.
Tenho dúvidas jurídicas! Até vou, inclusive, fazer consultas aos tributaristas
para ver sobre o cabimento disso, porque foi ontem que o Diário Oficial do
Município publicou com data de janeiro. Eu gostaria de ouvir a Bancada petista
argüir em defesa do Executivo, que atrasou a publicação do Decreto do metro
quadrado das construções da cidade de Porto Alegre, desde o telheiro mais
simples à construção mais fina e qualificada da cidade de Porto Alegre.
O que está havendo nessa gestão do
Município na área fazendária, que atrasa? Eu tenho minhas dúvidas. Estamos
tendo repercussão. O Ver. Gerson Almeida, em função de questões que envolvem o
meio ambiente, teve seus bens declarados em indisponibilidade - leiam os
jornais de hoje - em função de crime ambiental praticado pela Secretaria
Municipal do Meio Ambiente. Não há uma decisão definitiva, mas houve um pedido
do Ministério. Não há sentença transitada em julgado, nada disso. Mas houve um
pedido judicial do Ministério Público, e o juiz de direito de uma das Varas dos
feitos da Fazenda Pública deferiu esse pedido. Senhores, se deferiu o pedido é
porque há o fumus boni jure; há uma
fumaça de procedência no pedido, porque a medida de indisponibilidade dos bens
é muito forte, e nenhum juiz a aplicaria se não houvesse uma fumaça do bom
direito. Concedo o aparte, Ver. Elói Guimarães, se assim o desejar, não estou
em tempo de Liderança, posso lhe fornecer.
O
Sr. Elói Guimarães: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Estou acompanhando atentamente a manifestação de V. Ex.ª que falava
no fumus boni jure, ou seja, a fumaça
do bom direito, e quando o juiz, sempre se tem, juris tantum pela decisão judicial, que quando se chega a uma
decisão desse porte há indícios veementes. É como disse V. Ex.ª, não há
sentença, tenho absoluta certeza de que o Ver. Gerson Almeida, Secretário da
SMAM, jamais cometeria, na minha opinião, um ato contrário a lei.
O
SR. ISAAC AINHORN:
Eu também acho.
O
Sr. Elói Guimarães: Ele é um homem que tem pleno
conhecimento, mas, de qualquer forma, do ponto de vista objetivo, realmente a
matéria comporta esses prenúncios de veementes indícios.
O
SR. ISAAC AINHORN: Sou grato a V. Ex.ª, acolho o seu aparte.
E aduzo mais: há algum tempo, quando o Prefeito Raul Pont demoliu o Mercado do
Bom Fim, um prédio histórico, em violação completa ao Conselho do Patrimônio
Histórico - não poderia ser demolido o prédio sem ser ouvido o Conselho do
Patrimônio Histórico da Cidade de Porto Alegre -, o Ministério Público
ingressou com uma ação contra a Prefeitura, só que quem assumiu alguns
ressarcimentos sobre a demolição foi a Prefeitura. Ora, a Prefeitura é o povo
de Porto Alegre, é a cidade de Porto Alegre, quem deveria de ter ressarcido era
o Prefeito de Porto Alegre, que mandou demolir o prédio e não a Prefeitura,
porque quem está pagando a conta somos nós.
Estou trazendo essas questões à discussão
porque nós temos que colocar o discurso no âmbito do Município; preocupa-me é a
cidade de Porto Alegre. Felizmente, nós rejeitamos a taxa de iluminação
pública, e alerto sobre a questão do IPTU: vem vindo 25,31%, o Prefeito poderia
ter atenuado, podia não ir ao limite. Por último, eu entendo que frente a esses
aumentos de IPTU não há espaço para, no ano de 2003, nós examinarmos aumento de
Planta de Valores, não me venha o Executivo Municipal com reavaliação de Planta
de Valores, depois de um aumento de 25,31%. A oposição não permitirá isso, e
não prosperará debate sobre reavaliação de Planta de Valores no ano de 2003. É
a mensagem que deixa a Bancada do PDT com assento nesta Casa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Haroldo de
Souza está com a palavra em Comunicações. Ausente. O Ver. Luiz Braz está com a
palavra, por transposição de tempo do Ver. Ervino Besson, em Comunicações.
O
SR. LUIZ BRAZ: Ver. João Dib, Presidente deste
Legislativo, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras. Eu acho incrível,
Ver. Elói Guimarães, que quando os comunistas, os radicais atacam os nossos
Partidos e os chamam de neoliberais sem nem explicar o que é o neoliberalismo,
mas jogando o que há de pior para os nossos partidos, eles não rebaixam o
debate, eles estão no seu legítimo poder de representação social, política;
agora, quando nós dizemos a verdade a respeito deles, dizendo, por exemplo,
para explicar Cuba, a União Soviética, a Albânia, para explicar a mortandade
que é ocasionada no mundo inteiro, aí nós estamos rebaixando o debate, nós não
podemos. Ora, há que assumir os seus atos, porque senão não adianta vir aqui e
querer ser uma espécie de semideus que pode tudo, pode nos atacar a qualquer
instante, sem nenhuma razão, sem nenhum objetivo, achincalhando-nos sem tem
nenhum fundamento, como sempre fizeram. E aí quando recebem algum ataque,
porque nós pagamos na mesma moeda, e podem ter a certeza de que se subir aqui e
falar alguma coisa, eu estou deixando barato por enquanto; mas se quiserem
continuar, eu sou parceiro sempre para todas as batalhas.
Ver. Isaac Ainhorn, V. Ex.ª é um
professor da área de Direito, e V. Ex.ª dizia que iria consultar tributaristas,
porque foi publicado o Decreto do Executivo no mês de janeiro, e V. Ex.ª disse
que isso poderia não estar respeitando a anualidade. Eu quero apenas dizer a V.
Ex.ª que, dentro do entendimento que pelo menos este Vereador tem, o que
respeita a anualidade são as leis. Quando nós falamos em decretos, os decretos
estão sendo emitidos sempre baseados em alguma legislação que foi feita. Então,
esse decreto que foi publicado agora no mês de janeiro, ele não está, na
verdade, criando uma lei nova, ele está embasado numa lei já existente, e por
isso mesmo eu acredito, Ver. Isaac Ainhorn, com todo o respeito que tenho por
V. Ex.ª, pelo conhecimento que V. Ex.ª tem, que não se está ferindo aí o
princípio da anualidade, está apenas se utilizando de um decreto já cumprindo
uma legislação que foi aprovada por esta Casa em anos anteriores.
O
Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu acho interessante o raciocínio sustentado por V. Ex.ª, mas como
importa em reajuste, embora em patamares da inflação previstos em lei anterior,
e considerando que sempre o decreto de reajustamento do metro quadrado ocorria
dento do ano anterior. E me surpreendeu, Vereador, porque importa em ônus para
a população. Está respaldado em lei? É verdade. V. Ex.ª tem razão nisso. Agora,
sempre foi com anterioridade, Vereador. Então, isso me preocupa, porque importa
em ônus para a população. Eu também não tenho uma convicção absoluta e respeito
muito a idéia de V. Ex.ª, mas no mínimo já revela uma desídia. Mas daí vão me
dizer: “Mas não tinha ainda o indexador para fazer o parâmetro de reajuste do
metro quadrado.” Mas nos decretos anteriores o parâmetro deixava em aberto a
questão do índice para aplicar posteriormente, se houvesse qualquer diferença;
porque aproveitaria o índice até o dia 31 de dezembro, como de lei.
O
SR. LUIZ BRAZ: A preocupação de V. Ex.ª é justa, Ver.
Elói Guimarães, V. Ex.ª, que é Presidente da Comissão de Justiça, no sentido de
que quando se fez a lei da anualidade,
fez-se exatamente para não surpreender o contribuinte, que não pode, de uma
hora para outra, se ver às voltas com um tributo que deverá pagar; por isso ele
tem que ser avisado no ano anterior de que no próximo ano ele terá que pagar um
determinado tributo. Mas como se trata de um decreto, não se trata de uma
legislação que já foi aprovada no ano anterior, acredito que não incorre em
erro a Administração Pública, pelo menos de acordo com o conhecimento que
tenho.
O
Sr. Elói Guimarães: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) V. Ex.ª me parece que tem razão, embora louvem-se as preocupações
do Ver. Isaac Ainhorn. Porque a mecânica de reavaliação ou de reajuste se dá em
cima dos insumos do ano anterior. Logo, a publicação do decreto é mera
aplicação de uma deliberação já previamente estabelecida. Portanto, na minha
opinião, não há o ferimento da anualidade, a menos que se incorporasse nessa
reavaliação, nesse redimensionamento tributário, insumos do presente ano, que
me parece não ser o caso.
O
SR. LUIZ BRAZ: Hoje quero fazer aqui uma homenagem muito
especial a um Vereador desta Casa, que não é do meu Partido, não é da minha
corrente política, mas que acho que ele foi colocado no local certo pelo
administrador municipal. Ontem, estive visitando o Ver. Adeli Sell, lá na SMIC,
e acho que o Vereador está fazendo um belo trabalho. Estivemos visitando também
o Centro da Cidade, fomos percorrer as bancas do Centro da Cidade, em função do
nosso mandato de Vereador. Também temos um outro horário no Canal 20 da NET e
estivemos lá com uma câmera e com microfones para poder conversar com as
pessoas que fazem o comércio ambulante no Centro da Cidade. E o que ouvi ali,
Ver. Zé Valdir, foi algo de assustar, e o Ver. Adeli Sell, que sempre levantou
aqui essa bandeira, e agora está fazendo o trabalho lá na SMIC, ele tem razão
em uma coisa, aliás em várias coisas em relação ao comércio no Centro. Primeiramente,
encontrei lá pessoas que declararam - e não tiveram nenhum problema quanto a
isso - o seguinte: “A minha mercadoria, eu busco no Paraguai. A minha
mercadoria, eu busco aqui nos depósitos que estão aqui em volta da Praça XV.”
Então eu quero dizer, conversei ontem com
o Ver. Adeli de forma até prolongada, que se não houver um controle daqueles
depósitos que fazem os estoques ali ao redor da Praça XV, se não tiver um
mapeamento de todos aquele depósitos, jamais se fará o controle daquele
comércio irregular na Praça XV. E todos nós queremos que haja esse controle.
Ver. Zé Valdir, nós não podemos mais
conviver em uma cidade onde o Centro é tão conturbado como é o nosso. É ruim
para aqueles que querem trabalhar, é ruim para aqueles que vão lá apenas como
passantes, então alguma coisa deve ser feita. E eu disse ontem ao Ver. Adeli
Sell: “Eu quero ser parceiro nessa briga, Adeli, porque, afinal de contas, eu
acho que ela é extremamente nobre e boa para Cidade.”
O
Sr. Zé Valdir: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Quero me associar a sua avaliação sobre o trabalho do companheiro Ver.
Adeli Sell e dizer que essa sua preocupação, ontem inclusive, já se concretizou
com a ida a um depósito – se não me engano foi ontem – e apreendendo o material
que estava completamente ilegal e irregular. Eu partilho da mesma preocupação
de V. Ex.ª. Eu acho que nós não podemos ser coniventes com contrabando, com
atividade ilegal.
O
SR. LUIZ BRAZ: O Ver. Adeli Sell disse ontem que ele
está em contato com a Polícia Federal e que irá a Brasília nos próximos dias
fazer um contato mais estreito com a Polícia Federal no sentido de fazer o
controle daqueles depósitos que existem ao redor do nosso Centro. Acontece que,
na verdade, o objetivo não é de prejudicar o vendedor que está ali ganhando o
seu pão - justamente nós queremos que ele continue ganhando e melhore a sua
vida, cada vez mais. Não. Tratam-se de algumas pessoas milionárias, abastadas,
que estão ao redor e que se servem daquelas pessoas que vendem pequenos objetos
no Centro da Cidade para enriquecer cada vez mais.
Então,
nesse combate, esta Casa toda tem que ajudar para que o Ver. Adeli Sell possa
fazer, a fim de que, realmente, nós possamos controlar aquela região central da
Cidade. É claro que não para impedir que aquelas pessoas continuem ganhando o
seu pão, mas que elas possam, de alguma forma, ganhar o seu pão sem atrapalhar;
que o Centro da Cidade possa evoluir, a fim de que nós possamos realmente ter
uma Porto Alegre melhor no amanhã.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Comunico à Casa que
estou determinando à Procuradoria-Geral do Legislativo que examine o Decreto do
Prefeito. Apenas para que não fique nenhuma dúvida: trata-se de uma
republicação e não de um novo Decreto; é uma republicação do Decreto do dia 30
de dezembro. Normalmente a Casa recebe esse Decreto com a proposta
orçamentária. Nesse ano, não veio, mas creio que tenha sido publicado em tempo
hábil. De qualquer forma, para que não reste dúvida, especialmente para a população,
a Procuradoria vai fazer o exame, e amanhã nós já estaremos dizendo o
resultado.
O Ver. Ervino Besson está com a palavra
em Comunicações.
O
SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs
Vereadoras, senhores e senhoras que nos assistem pela TV Câmara, saúdo todos.
Há pouco tempo fizemos nesta Casa um minuto de silêncio pela perda que tivemos
do Deputado Wilson Mânica. Outro lamentável fato aconteceu na cidade de São
Leopoldo com o assassinato do cunhado do nosso Comandante da Brigada Militar,
do Sr. Ricardo Dantas. Eu tenho familiares que moram em São Sebastião do Caí,
onde, no dia 4, aconteceu aquele o brutal assassinato da estudante Marcele
Flores, de onze anos de idade. A cidade de São Sebastião do Caí está e
continuará, por muito tempo, lamentando esse brutal assassinato que aconteceu
nesse pequeno Município. O que quero dizer desta tribuna - tenho dito várias
vezes e vou repetir quantas vezes tiver oportunidade -, meu caro Presidente, é
que a maioria dos brutais assassinatos que acontecem são cometidos por pessoas
condenadas pela Justiça, como o assassinato dessa menina. Esse lixo – não se
pode chamar essa pessoa de cidadão -, Joseano da Silva, assassinou de forma
brutal essa menina. O que sofreu essa inocente na mão desse “lixo”?! E alguém
vai ter que sustentar esse cidadão no presídio. Esse cidadão - nem é cidadão, é
um lixo, lixo! - já estava condenado pela Justiça porque tinha tentado estuprar
uma senhora de oitenta anos. Alguém “liberou” esse “lixo”! Um juiz, uma juíza,
sei lá! Ele estava condenado, e estava solto, na rua! Então eu pergunto: como é
que fica a consciência dessas pessoas quando olham uma criança, com a idade
dessa menina, covardemente, brutalmente assassinada? Será que algum advogado,
alguma advogada vai ter coragem de defender um lixo desses? É triste!
Como eu já disse, tenho familiares em São
Sebastião do Caí, e só se fala nisso naquela cidade. Na fisionomia, no olhar,
no rosto das pessoas só se vê
tristeza. Nós, que somos pais, vamos pensar um pouco sobre essa inocente de
dez, 11 anos. O que essa menina sofreu na mão desse lixo! É triste! E eles
sempre têm uma desculpa: “Eu estava bêbado.” “Eu estava drogado.” “Eu não
queria matar.” A pessoa vai com a arma engatilhada, mata a pessoa, e diz: “Eu
não queria, a minha intenção não era matar, disparou a arma, eu me assustei.”
Esses “lixos” sempre têm uma desculpa. E, depois, nós, o povo, é que
sustentamos eles lá, com nutricionistas, com médicos, com dentistas. Eles
exigem mordomias! Não quero generalizar para todos os presos, não estou
generalizando, mas há “lixos” que deveriam estar no inferno.
Eu também gostaria de registrar que eu
estava, casualmente, no dia 21 dezembro, no supermercado Zaffari da Cavalhada,
quando aconteceu aquele assalto. Eu sou vizinho e estava no supermercado.
Havia, naquele momento do assalto, mais de mil pessoas dentro do supermercado,
e vocês podem imaginar o pandemônio que aconteceu: gente desmaiando, gritando,
chorando. Mas eu quero destacar o trabalho da Brigada Militar. O Batalhão da
Tristeza, que está sendo comandado pelo Major Bragança, e a ação da Brigada
Militar possibilitaram a prisão de pelo menos dois dos assaltantes naquele
momento, trabalho que a direção do Zaffari, numa conversa após o assalto,
elogiou, pela forma rápida com que a Brigada, que não levou dois minutos para
chegar ao supermercado, atuou, conseguindo prender em flagrante dois dos
assaltantes, naquele tumulto que havia. Era perto do final do ano, e vocês
imaginem quantas pessoas havia lá dentro. Um dos bandidos estava com uma
granada na mão. Vocês podem imaginar o que pode representar explodir uma
granada dentro de um supermercado? O que aconteceria? A Brigada Militar, com
eficiência, com um trabalho que foi extremamente elogiado, conseguiu prender os
assaltantes e controlar aquela situação. O Resgate também esteve presente e
rapidamente atendeu, porque muitas pessoas desmaiaram, o susto foi enorme e o
tumulto foi muito grande.
Meu caro Sr. Presidente, Sr.ªs
Vereadoras e Srs. Vereadores, fica aqui este registro, e encerro elogiando,
mais uma vez, de uma forma muito carinhosa, a nossa querida e gloriosa Brigada
Militar.
Parabéns ao Major Bragança, parabéns à
sua equipe e a todo aquele grupo de policiais que lá estiveram e que
conseguiram, de uma forma muito competente, prender os assaltantes e controlar
a situação de uma forma eficaz, para que uma tragédia maior não acontecesse no
dia 21 de dezembro de 2002.
O nosso abraço, e parabéns a nossa
querida e gloriosa Brigada Militar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Maria Celeste
está com a palavra em Comunicações. Ausente. O Ver. Raul Carrion está com a
palavra em Comunicações.
O
SR. RAUL CARRION: Ex.mo Sr. Vereador João
Antonio Dib, que preside os trabalhos nesta Câmara Municipal de Vereadores,
Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, vim aqui, no período de
Comunicações desta Sessão, num primeiro momento, para tratar dos novos tempos
de esperança, dos novos tempos de mudança. Procurei resgatar todas as ações do
ainda novo Governo Lula. Fui surpreendentemente, sem ter agredido absolutamente
ninguém, agredido em baixo nível, de forma truculenta pelo Ver. Luiz Braz do
PMDB, desculpe, do PTB; não, desculpe, foi Líder do PFL, mas já não é mais do
PFL, é agora do PSDB. Desculpe que eu me equivoquei, pois o Ver. Luiz Braz muda
muito de partido, como o tico-tico muda de galho, “coerente”, evidentemente,
que vai de um partido trabalhista a um partido neoliberal, depois a um partido
liberal, depois ou antes, mostrando uma “coerência” de trajetória que só tem um
norte: o ataque truculento, rebaixado, às forças sociais progressistas e aos
partidos que lutam pela mudança neste Brasil.
O Ver. Luiz Braz parece que tem uma
recaída, porque, de vez em quando, ele tem atitudes mais civilizadas, mais
politizadas, mas hoje rebaixou ao nível que eu caracterizaria como dos setores
mais reacionários, mais conservadores, responsáveis pela miséria, pela fome em
que este País, há cinco séculos, está mergulhado. V. Ex.ª beirou o
comportamento fascista; esse anticomunismo é apanágio dos setores mais
retrógrados desta sociedade, que, aliás, V. Ex.ª representa muito bem aqui.
Eu quero dizer que a luta do Partido
Comunista do Brasil, que já completou oitenta anos neste País, é reconhecida
não só entre os setores sociais progressistas, como entre os setores em todo o
mundo. O Partido Comunista, desde o seu início, lutou contra os reacionários
como V. Ex.ª, Ver. Luiz Braz; Ex.mo Ver. Luiz Braz. Três meses
depois de ter sido fundado, foi posto na ilegalidade, seus militantes presos,
torturados, perseguidos, e esse Partido vem até hoje, apesar de pessoas como V.
Ex.ª. Por isso, talvez, a sua raiva, o seu descontentamento que, apesar de as
elites o perseguirem tanto, este Partido persevera e ele está hoje no Governo da
Nação ajudando Lula e o Ministério, ajudando na Câmara Federal a mudar este
País neoliberal. E se V. Ex.ª não sabe o que é neoliberal, eu vou aproveitar
alguns minutos aqui para esclarecê-lo, porque o povo brasileiro sabe o que é o
neoliberalismo e botou para correr o Governo do seu Partido, o Partido Social
Democrata Brasileiro, de Fernando Henrique Cardoso!
O neoliberalismo surge, principalmente, a
partir da década de setenta, oitenta, com o governo reacionário de Margareth
Tatcher e com o governo fascista de Pinochet, aqui no Chile, depois, seguido
pelo governo reacionário de Menem. Quais são as suas linhas de trabalho?
Primeiro, o abandono da defesa da soberania nacional, o entreguismo, a abertura
do País para os capitais estrangeiros, o endividamento externo do País - o seu
Governo, de Fernando Henrique, passou de uma dívida pública de 40 bilhões de
reais para cerca de 800 bilhões de reais! Foi essa a destruição que o
neoliberalismo, que V. Ex.ª representa nesta Casa, significou para o Brasil!
Mas não é só isso: o neoliberalismo, além do entreguismo desbragado, é o ataque
a todos os direitos do povo trabalhador, os direitos sociais do País, como a
aposentadoria, com a tentativa de acabar com a CLT, o que não será permitido
pelo Governo Lula! Mas é mais do que isso: a linha neoliberal é a linha também
antidemocrática, é o Governo que defendeu a Lei da Mordaça aqui neste País.
Então, o neoliberalismo, evidentemente, só tem levado os povos do mundo à
miséria, à exclusão social, à verdadeira crise de própria governabilidade nos
países onde existe esse sistema. O que existe hoje na Argentina é exatamente a
conseqüência do neoliberalismo, se V. Ex.ª não sabia ainda o que era o
neoliberalismo.
Mas, eu queria dizer, ainda, que o
Partido Comunista do Brasil se caracteriza, nesses oitenta anos, pela defesa
das liberdades democráticas, como bem colocou aqui o Vereador, historiador, Zé
Valdir: lutou contra o Estado Novo, lutou contra o governo autoritário de
Dutra, lutou contra a ditadura militar!
Eu quero dizer a V. Ex.ª que,
pessoalmente, a minha trajetória é essa luta pela democracia. Pessoalmente, fui
preso, torturado, perseguido por esse regime militar. As elites que estavam por
trás dele, V. Ex.ª defende tão bem, ainda que de forma truculenta, hoje, nesta
Casa! Mas o Partido não se caracterizou só pela defesa da democracia; não
existe uma luta antiimperialista, em defesa da soberania nacional, em que não
esteja a marca do Partido Comunista do Brasil, e na luta pelo direito dos
trabalhadores, pela reforma agrária. Mais ainda, a luta dos comunistas em todo
o mundo se caracteriza pela defesa também da democracia, como contra o
nazi-fascismo na II Guerra Mundial, quando o heróico povo soviético perdeu mais
de 20 milhões de pessoas assassinadas pelos esbirros nazi-fascistas. A história
do mundo reconhece o papel jogado pela União Soviética. Hoje, na América
Latina, os povos têm, em Cuba, socialista, uma referência na luta contra o
neoliberalismo norte-americano. Espero que V. Ex.ª se volte um pouco a estudar
a história dos povos, a história do nosso Brasil, e faça um debate político de
alto nível e não de forma rasteira, como inaugurou a sua participação aqui. E
se V. Ex.ª gosta de uma boa luta, quero dizer que eu, como bom gaúcho, dou o
próprio pingo para não entrar em uma briga, mas, se for preciso e se for
desafiado, irei até o que for necessário para esse debate. Espero que seja um
momento de recaída que venha a ser superado nesta Casa, porque não é esse o
nível de debate que o Partido Comunista gostaria de fazer.
Para finalizar, eu queria mais uma vez,
retomando a discussão do tempo de Líder, fazer referência a esse grande
programa que o nosso ex-Governador Olívio Dutra apresentou, como Ministro das
Cidades, junto com o Ministro da Justiça, no sentido de que avancemos para a
regularização dos assentamentos, favelas, assentamentos irregulares que existem
neste País, porque são milhões de brasileiros que esperam um momento, uma
condição, para poderem regularizar a sua terra, a sua moradia e construir um
País melhor. Existe a possibilidade, inclusive, de ser transformada em lei a
proposta de que os gastos de cartório, com a regularização da moradia e dos
terrenos nas favelas sejam feitos de forma gratuita, como hoje já é feita - de
forma gratuita - a questão cartorial para as pessoas de baixa renda que
precisam tirar uma série de documentos. Eu creio que esse programa tem um
alcance social enorme e significará uma nova fase para o trabalho de
regularização da moradia no nosso Brasil. Entraremos numa discussão mais longa
sobre isso, futuramente, mas esperamos que esse programa tenha êxito e cumpra
todo o papel a que se dispõe. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, hoje se inaugura uma nova fase
aqui, a do “canalhismo”, que foi inaugurada pelo Ver. Raul Carrion. Eu faço
questão de repudiar todas as afirmações feitas pelo Ver. Raul Carrion, porque
quem conhece a minha trajetória, quem conhece a minha vida sabe muito bem da
minha luta em prol sempre de uma melhor sociedade. Então, esse canalhismo, se
ocorrer novamente, eu quero jurar diante de V. Ex.ªs, que podem me
expulsar, como Vereadores, porque esse Vereador que falou não será homem
suficiente para repetir outra vez.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Ver. Luiz Braz,
o registro que V. Ex.ª faz...
(Tumulto no Plenário.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Estão suspensos os
trabalhos.
(Suspendem-se os trabalhos às 11h19min.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib – às 11h21min):
Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.
Eu informava que o registro feito pelo Ver. Luiz Braz não tem amparo regimental. Faço um apelo para o apaziguamento dos ânimos. Eu não posso entender que colegas tratem um ao outro da forma como está acontecendo neste Plenário, na manhã de hoje, quando nós fazemos a 1.ª Sessão depois do início do ano.
O Ver. Sebastião Melo está com a palavra
em Comunicações.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib;
colegas Vereadores e colegas Vereadoras, primeiro quero, Ver. João Dib, saudar
V. Ex.ª porque não tive oportunidade, na medida em que o meu Líder de Bancada
ocupou o espaço da posse, para desejar a V. Ex.ª, extensivo a toda a Mesa
Diretora, uma profícua gestão. Nós, eu como o Líder e toda a nossa Bancada,
seremos parceiros para construir uma relação harmoniosa, mas que esta Casa
venha a se fortalecer e tornar-se, cada vez mais, um braço forte do povo
porto-alegrense.
Queremos
também registrar desta tribuna os nossos agradecimentos, especialmente à
Diretoria Legislativa que nos deixa. A Dona Ilse foi uma grande Diretora,
prestou grandes serviços, junto com a Inês e com a sua assessoria. O nosso
abraço muito fraterno a ela e à equipe que se despede.
Por
outro lado, queremos desejar à Márcia e também aos novos assessores que
acompanham a nova Diretoria Legislativa, que essa assessoria possa ser muito
proveitosa em todo aquele debate, Ver. Raul Carrion, que nós produzimos aqui, e
que ela se possa, cada vez mais, aperfeiçoar a favor do cumprimento do nosso
Regimento.
Trazem-nos a esta tribuna alguns temas,
os quais quero aqui, Ver. Elói Guimarães, destacar. O jornal Zero Hora, de ontem, trouxe uma matéria
de página inteira sobre a questão do Aterro Sanitário da Extrema: a Prefeitura,
por intermédio do seu novo Diretor do DMLU, anunciou que aquele aterro não mais
funcionará. Não é pelo fato de ele não mais funcionar que sobre os danos que
ele já causou e que venha a causar não tenhamos de avançar nessa discussão.
Aquele aterro foi colocado naquele lugar indevidamente. Vou propor à Comissão
de Saúde, presidida pelo nosso colega Beto Moesch, que a gente possa produzir
uma reunião logo em seguida do início dos trabalhos, porque surpreendeu-me o
novo Diretor dizendo que a contaminação do lençol freático já existia antes do
aterro sanitário. Eu nunca vi tamanha bobagem dita por alguém que tem a
responsabilidade que tem. A zona da Extrema é uma zona ecológica, uma zona de
extrema beleza, ao lado do nosso lago Guaíba, que nunca teve problema de
poluição e que passou a ter após a forma irresponsável de agir do Sr. Darci
Campani, que é especialista em contrato emergencial, e, portanto, nunca teve
tempo de preocupar-se com a ecologia. Mas aquele aterro foi criminoso.
Acertou-se no Ministério Público, depois
de longas reuniões, que seriam colocadas 150 toneladas/dia de aterro sanitário
na estrada da Extrema. E chegou-se a colocar 900 toneladas de aterro, em
determinados momentos, transpondo em uma barbaridade uma das zonas mais
espetaculares do nosso cenário porto-alegrense.
Não é o fato. Encerra-se a colocação do
lixo, mas não se encerra o problema. O problema continua; o crime continua, e
alguém vai ter de pagar por isso. Nós vamos avançar, além da questão ecologia,
naquilo que estamos fazendo no Tribunal de Contas, porque alguém vai ser
responsável pelo superfaturamento que, ao longo dos anos, a gestão do Sr. Darci
fez pagar a mais para a empresa Cores e outras. Alguém vai pagar na Justiça,
vai devolver ao povo de Porto Alegre!
Outra questão que não
posso deixar de destacar é também matéria do jornal de hoje, quando vejo que o
ex-secretário da SMAM, Ver. Gerson Almeida, com o Dr. Moojen, Engenheiro de bom
quilate do nosso DEP, tiveram seus bens indisponíveis pela Justiça, porque
fizeram uma obra fora das normas técnicas, desaguando aqui na Diário de
Notícias, perto do Estaleiro Só. Sobre essa questão esta Casa tem de buscar
subsídios no Ministério Público e também na Comissão de Saúde. É uma matéria
que é pauta urgente, porque não adianta eu ter o discurso do “ecologismo” se eu
pratico o crime na Extrema, pratico o crime no Cristal, faço acordo com a
Multiplan, e assino que vou tirar as famílias. Aliás, vou avisar aos
“marinheiros”: esta Casa aprovou um Projeto, e eu estou analisando esta matéria
já faz uns três meses, Ver. João Antonio Dib: a maioria daquilo que foi assinado
no acordo da Multiplan não foi cumprido pela Prefeitura, e alguém vai ter que
explicar isso, porque o acordo dizia que iria duplicar a Av. Diário de
Notícias, que iria tirar, que iria fazer, que iria acontecer, e o acordo
passou, e o Governo do Raul Pont, e esta Casa aprovou, e as coisas continuam.
Neste início de ano legislativo, ou vamos criar ou uma Comissão Especial ou
vamos entrar com um Projeto para voltar com os índices que estavam lá. Não
tinham índices naquela área, colocaram índices naquela área. Alguém ganhou
dinheiro com isso, e talvez muito dinheiro. Então, vamos ver essa questão.
Em terceiro lugar, quero
cumprimentar o Ver. Adeli Sell. Nós muitas vezes tivemos bons “pegas” aqui,
Ver. Ervino Besson, mas eu acho que o Ver. Adeli Sell está fazendo aquilo que
uma administração deve fazer. Não é bater em camelô, que é fruto de uma questão
social, que está lá, como 20% da população brasileira, que está desempregada e
que vai buscar no comércio informal uma maneira de sobreviver. Mas a Administração
da Frente Popular nunca quis adentrar nos milhares de depósitos irregulares que
têm nesta Cidade para pegar os óculos, para pegar os contrabandos. Pois, agora,
o Ver. Adeli Sell parece que está fazendo isso. Eu quero cumprimentá-lo; se ele
continuar nessa linha, está certo! Primeiro vamos prender os “engravatados”,
aqueles que estão na Av. Carlos Gomes, aqueles na Av. Paulista, aqueles que
andam de Mercedes, para depois ir prender camelô; senão, me desculpem, é fazer
salamaleque para banqueiro e bater em camelô, e isso não é conosco. Aí é o
Governo que tem um discurso para o pobre, mas governa com os grandes. Tem sido
assim aqui; na verdade, quando eu vejo, agora... O Ver. Raul Carrion não se
encontra aqui, neste momento, mas tudo é possível. O PT está no governo há
quatorze anos, e eu desafio que eles me dêem uma explicação razoável de
regularização fundiária nesta Cidade que tem quatrocentas e setenta vilas
irregulares. Não fizeram, mas agora o Olívio está dizendo que vai fazer – que
bom! Mas foram governo durante quinze anos nesta Cidade, e um deles do Sr.
Olívio Dutra, com uma Lei Orgânica que lhe dava todo o suporte para isso. Só
espero que não transfiram esse problema da regularização fundiária para a ONU,
porque, quando eram do Governo Municipal, transferiram para o Governo do
Estado; quando eram do Governo do Estado, transferiram para a União. Têm
acontecido algumas coisas lá em cima que são de “arrepiar” – o Ministro do
Trabalho dizendo que quer cortar a multa dos 40% -, “socorro ao PFL”, está certo
o Paulo Sant’Ana. Não diria nem o PPB, que está um pouco mais à esquerda do
PFL, mas “socorro ao PFL”?! Porque o Governo come galeto da Sadia, mas está
governando com o grande do capitalismo que é a nossa FIESP. Olhando o bloco
econômico, vê-se que é, “de fio a pavio”, o grande capital. Mas os galetinhos
com os nossos sindicalistas, ele continua comendo.
Temos é que dificultar a
demissão e facilitar a entrada no trabalho. Se há algum problema de desvio de
recursos dos 40%, esse não é o eixo pelo qual um governo socialista,
social-democrata, no mínimo, tem que atuar. Mas tudo é começo, tudo é possível,
até algumas besteiras são possíveis quando se inicia um governo. Mas imagino
que o governo possa corrigir, pois não é possível que um governo liderado pelo
Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, grande sindicalista, com grande mérito, que
chegou à presidência da República com 76% de apoio da população brasileira, com
um apoio maior, inclusive, do que todos os presidentes que lá chegaram - lembro
que o Presidente Fernando Henrique Cardoso, na sua melhor posse, teve 70% de
apoio do povo brasileiro - saia do discurso a favor do metalúrgico e passe para
outra realidade, porque, por enquanto, o que vejo como eixo do Governo é a
“catedral” do capitalismo que está dando: é o Fulano de um lado, o Rodrigues do
outro, o Meirelles do outro, mas os acenos para os trabalhadores esperamos que
se transformem em práticas não só democráticas, mas de inclusão social, que é a
grande esperança desta Nação.
É um momento de
conciliação de todos os Estados, e há este clima muito especial para que o
Governo que assume possa fazer mudanças profundas, mudanças que ele sempre
pregou e que agora vai ter a oportunidade e a obrigação de fazer, porque, se
não fizer, isto aqui vai ser como a Argentina: um dia o Presidente vai acordar,
vai baixar um decreto, vai dizer que servidor não ganha mais do que três mil,
que as contas estão suspensas e que está liquidado, porque hoje a arrecadação
não dá para pagar a máquina pública.
Presidente, a nossa saudação, saúde e
vida longa, boa gestão para todos nós; a luta e a caminhada continuam. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
(O Ver. Elói Guimarães assume a
presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Zé Valdir está
com a palavra em Comunicações.
O
SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
sabedores da minha posição em defesa de uma ação policial com base na lei e,
portanto, uma ação policial limitada à lei, muitas pessoas me fazem aquela
clássica provocação: “Se tu tivesses uma filha estuprada ou um filho
assassinado por um delinqüente, qual seria a tua posição?” Não tenham dúvidas,
eu quereria estrangular o sujeito, eu quereria liquidar o sujeito. Exatamente
por isso é que a aplicação da justiça penal, a aplicação da pena não pode vir
da vítima; exatamente por isso é que se retirou a autotutela do indivíduo e se
colocou para o Estado fazer isso, e é por isso que estou com muita preocupação,
o Estado, portanto, não pode “fazer vingança”. Retirou-se a possibilidade de o
indivíduo aplicar a justiça penal, aplicar a pena, exatamente, porque, no
estado emocional, a vítima vai “fazer vingança”, e o Estado não pode “fazer
vingança”; o Estado tem de fazer a justiça. Por isso eu vejo com muita
preocupação o que, aparentemente, está acontecendo.
Agora, nós estamos assistindo a uma ação
policial, talvez até para dar resposta a todo esse clima que se criou, que já é
grave por si só, mas exagerada por certos setores da imprensa, uma ação que nós
estamos vendo que beira a execução. Em muitos casos são delinqüentes ou
supostos delinqüentes sendo executados pela polícia. Eu quero dizer que isso é
muito grave, porque é um retrocesso e não trás a paz para a sociedade. É um
retrocesso, porque, se nós olharmos a evolução da pena na história da
humanidade, nós passamos da vingança privada, evoluímos do Código de Hamurabi,
o famoso “olho por olho, dente por dente”, que já foi um progresso, porque
estabelecia uma correspondência entre delito e pena, que antes não existia,
passamos pelo período da Idade Média, onde a Igreja instituiu a tortura, os
inquéritos, e que adentraram pela Idade Moderna, e na época do Iluminismo nós
tivemos o questionamento de tudo isso, e a partir daí, se aboliram todas essas
práticas autoritárias do Estado; aboliu-se a tortura, e hoje, claro, se
discute; há toda uma discussão, se a pena é para recuperar, se a pena é para
punir, se a pena é para prevenir e aí há as mais diversas teorias. Agora, uma
coisa é certa, a partir da Revolução Francesa, não se admite mais que o Estado
“faça vingança”, o Estado não pode “fazer vingança”, e, portanto, a ação
policial ao aplicar a justiça penal, ao aplicar a pena, tem de se ater aos
limites da lei. Foi isso, inclusive, que o ex-Secretário Bisol, todo tempo,
tentou dizer para a sociedade, com alguns equívocos verbais que ele cometeu, e
com toda uma má vontade em uma série de setores, que tinham interesses
ideológicos em desconstituir uma importante colocação do Secretário.
Nós estamos vendo agora uma situação que,
para mim, é muito séria, ela é um retrocesso, se isso se confirmar, que a ação
da polícia, agora, vai ser de execução. Isso é muito sério, porque isso é um
retrocesso e não traz a paz, apenas faz jogo para a torcida, para o senso
comum. É óbvio que se nós pegarmos o senso comum, que adora liquidar, vai dizer
que tem de liquidar os bandidos, para que prender? “Ainda dá mordomia”, como
alguém disse aqui. Eu duvido alguém que vá visitar uma cadeia, no Presídio
Central, considere que é mordomia viver lá dentro. Que mordomia?! Pode até ter
a comida melhor do mundo, estar preso a uma cela já não é mordomia. Só pode
dizer isso porque, ou está em num estado emocional complicado, ou não entrou em
um presídio. É um espetáculo deprimente, mordomia coisa nenhuma, aquilo não é
mordomia. Vai passar um ano lá dentro para ver se aquilo é mordomia, ainda mais
com as condições carcerárias que temos no Brasil. Então, é muito sério, porque
temos um retrocesso. Se hoje fizéssemos uma pesquisa, como no início do século,
uma pesquisa de senso comum, se a mulher deveria votar ou não, iam dizer que a
mulher não tinha de votar; se fizéssemos uma pesquisa sobre se os negros
deveriam ter os mesmos direitos, iam dizer que não; se fizéssemos uma pesquisa,
agora, se deveriam acabar com a Câmara de Vereadores, possivelmente, a maioria
iria dizer que sim. Então, vamos cuidar com o senso comum. Se fizéssemos uma
pesquisa sobre pena de morte, a maioria seria a favor. Então, vamos cuidar com
essa história de fazer jogo para a torcida e para o senso comum e fazer um retrocesso,
porque se isso se confirmar, se essa ação policial se confirmar, estaremos
cometendo um retrocesso do ponto de vista jurídico e também não vamos gerar a
paz, pelo contrário, vamos gerar muito mais violência. Não é só ex-presidiário
que comete assassinato, não, é só olhar os jornais, tem filho de classe média
matando o pai, está nos jornais; tem filho de Desembargador matando índio em
praça; tem filho de Deputado matando das mais diversas formas, inclusive com
automóvel em alta velocidade. O crime, a violência perpassa todas as classes
sociais. Não aceito o argumento preconceituoso de que hoje o crime é só
perpetrado por ex-presidiário, não é, é só olharmos o jornal Zero Hora e fazermos uma pesquisa dos
últimos crimes e vamos ver que não é assim. O clima de violência está instalado
em toda a sociedade, ele tem causas muito mais profundas, e é por isso que não
acredito que a ação policial isolada de outras ações vá resolver o problema da
criminalidade nem aqui e nem no mundo, porque o fenômeno da criminalidade é
mundial. Acho que temos de debater com muita seriedade essa questão, e não
podemos ser reducionistas, ficar querendo achar uma causa para um problema que
é complexo e que tem uma multiplicidade de causas.
Por último, gostaria de falar um pouco
sobre o pronunciamento, ou melhor, uma frase dita pelo Ver. Luiz Braz, dizendo
que o acusam de ser neoliberal. Eu acho que deveria ser um elogio quando ele
estava no PFL. Eu, me acusarem de ser socialista, para mim é um elogio, não é
ofensa! Podem me acusar à vontade, porque esse é meu projeto de sociedade.
Assim como quem está no PFL, ou mesmo no PSDB, porque sabemos que o PSDB – não
dito por mim – dito por sociólogos, o PSDB, na verdade assume um programa
neoliberal. Isso é a Social Democracia. Nós temos hoje três grandes
possibilidades: ou somos socialistas, neoliberais ou social-democratas. Não há
ofensa nenhuma, é cada um se assumir. Eu me assumo e não vejo isso de alguém me
acusar de ser socialista; está me fazendo um elogio. Quero fazer esta ressalva
e também quero dizer que não vi nenhuma ofensa na fala do Ver. Raul Carrion,
ele fez uma análise política.
A segunda questão é sobre o Ver. Isaac
Ainhorn. O Ver. Isaac Ainhorn falou que há um fumus boni iuris, fumaça de bom direito, nessa questão do IPTU.
Essa questão do IPTU é muito simples: houve uma republicação do Decreto, que,
aliás, inclusive, é discutível se a anterioridade necessita do Decreto, sendo
um ano anterior, se é a lei. Eu até acho que é a lei, mas o decreto foi
publicado. Houve um pequeno detalhe a corrigir, ele foi republicado. Não há
motivo para fazer escarcéu em cima disso. Quanto a essa história de fumaça do
bom direito: às vezes, nós podemos confundir fumaça de bom direito com a visão
enfumaçada, ou a visão embaçada de quem olha a questão.
Está aqui na minha frente o Ver.
Sebastião Melo, que em tudo ele vê fumaça de bom direito. Entrou com não sei
quantas ações e perdeu todas. Perdeu todas! Perdeu todas, Vereador, algumas,
inclusive, no mérito e outras não.
(Aparte anti-regimental Ver. Sebastião
Melo)
V. Ex.ª vai perder, mas tinha tanta
fumaça, tanta fumaça de bom direito que, em seguida, preliminarmente, afastaram
a fumaça de bom direito.
Não
vamos confundir as coisas. Essa questão do IPTU é uma questão muito simples: é
uma republicação, e, aliás, discutível se a anterioridade necessita que o
Decreto também seja publicado no ano. Mas, se exigir, foi publicado, sim, só
foi republicado para corrigir um pequeno detalhe.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Ver.ª Clênia
Maranhão está com a palavra em Comunicações.
A
SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.ªs
Vereadoras, Srs. Vereadores, eu queria, inicialmente, nesta reunião ainda
preliminar do ano, da Comissão Representativa desta Casa, abordar uma questão
extremamente importante para a população de Porto Alegre, uma situação
gravíssima que já tem sido debatida por esta Casa, quer seja na tribuna ou na
Comissão Técnica de Saúde e Meio Ambiente, que é a questão da superlotação dos
hospitais. Eu tenho dito em outras oportunidades que, muitas vezes, quando
visito as emergências dos principais hospitais de Porto Alegre, a imagem que me
vem à cabeça é a de uma situação de guerra, porque as pessoas feridas, doentes,
se acumulam em macas nas portarias dos pronto-socorros dos principais hospitais
da Cidade ou mesmo nos corredores. Muitas das pessoas enfermas ficam sentadas
em cadeiras de plástico durante toda a noite aguardando atendimento. Se uma
pessoa em condições de saúde for obrigada a ficar sentada em uma cadeira de
plástico, sem nenhum conforto, em uma emergência de um hospital por uma noite
inteira, seguramente no outro dia ela estará doente, com dores, estressada,
cansada, pois passou uma noite maldormida e estará sem condições físicas
equivalentes às do dia anterior. Agora, imaginemos pessoas enfermas, muitas
vezes com dores, que são obrigadas a ficar sentadas em uma cadeira, aguardando
um exame médico.
As visitas que fizemos ao Hospital de
Pronto Socorro nos mostraram isso: pessoas enfermas, tomando soro nos
corredores do hospital. Por isso eu digo que lembra uma situação de guerra. Mas
isso não é uma situação conjuntural, isso acontece sistematicamente em Porto
Alegre. Isso se agrava no ponto alto do verão, se agrava quando vivemos os dias
mais frios, no auge do inverno. E as pessoas poderiam, então, dizer que a culpa
é dos hospitais ou da falta de leitos. Porém, nós, que somos profissionais da
área de saúde, sabemos que a grande maioria das pessoas que chegam ao hospital
para ser atendida não necessitaria chegar ao hospital, se o Sistema Único de
Saúde do Município de Porto Alegre fosse um Sistema Único de Saúde parecido,
nem digo igual, com aquele Sistema Único de Saúde que aparece no “Cidade Viva”.
Os postos de saúde de Porto Alegre, localizados nas vilas, que atendem à
população mais pobre da Cidade, normalmente não têm profissionais suficientes
para atender àquelas doenças que poderiam ser enfrentadas nas unidades de
saúde. Hoje, tem posto de saúde de Porto Alegre que faz sorteio para poder
atender um paciente da Capital. A falta de equipamentos também inviabiliza
exames básicos, preliminares, que seriam fundamentais para detectar a doença
pelos profissionais de saúde. Então, esse caos da emergência dos hospitais... E
quem já viveu o drama de ter de levar uma pessoa da família a um hospital de
Porto Alegre sabe do que eu estou falando, porque é uma situação de
vulnerabilidade da família, o paciente que chega doente muitas vezes piora,
pelas horas que fica à mercê daquele tratamento que não chega. Então, eu acho
que este continua sendo um tema, este continua sendo um desafio a ser
enfrentado pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente desta Casa. É a luta do
cidadão de Porto Alegre pelo direito de ser atendido num prazo razoável, quando
procura uma unidade de saúde em nossa Capital.
Quero lembrar a infeliz obra do Hospital
de Pronto Socorro, que não termina nunca! Esta Casa autorizou, há dois anos, a
construção do anexo do Pronto Socorro. As obras continuam em andamento, houve a
falência da empresa que construía aquela obra, e alguém tem de ser
responsabilizado, porque o gestor público, no caso a Prefeitura de Porto
Alegre, através da Secretaria da Saúde, tem a responsabilidade de explicar para
esta Casa, de justificar para esta Casa por que as obras do anexo do Hospital
de Pronto Socorro não terminam nunca! Há problemas na licitação? Qual é o
problema? Há malversação do dinheiro público na construção daquela obra? O que
não podemos é permitir que, enquanto a população morre nas emergências dos
hospitais, exista esta obra parada há de mais de um ano, ou, se está sendo
trabalhada, há um atraso de mais de um ano que continua a acontecer sem uma
justificativa plausível por parte da administração do Hospital de Pronto
Socorro. E isso não tem nada a ver com a situação da população do interior que
se desloca para a Capital à procura dos hospitais de Porto Alegre, o que também
é uma realidade. Mas o que estamos falando aqui é de outro problema, é sobre o
não-cumprimento de uma decisão que esta Casa aprovou, que foi o financiamento
para a construção do anexo do Hospital de Pronto Socorro.
Na retomada dos trabalhos, esta Casa tem
que recolocar como prioridade, na pauta, essa questão do Hospital de Pronto
Socorro, que é fundamental para o atendimento à saúde na nossa Cidade, outra
questão que também diz respeito à Comissão de Saúde e Meio Ambiente desta Casa.
Infelizmente esta Casa ainda não tem uma
Comissão específica para tratar da questão ambiental, e uma Comissão para
tratar da questão de Saúde. Esta é a posição que defendo e vou apresentá-la à
Mesa Diretora desta Casa, esperando que seja transformada num projeto de
resolução, para que esta Casa possibilite que possamos cumprir, com mais
prontidão, com mais urgência, com mais eficácia, com mais eficiência, a nossa
função de Vereador, no que se refere à constituição de Comissões Técnicas em
áreas fundamentais de serem trabalhadas. Hoje a Comissão de Saúde e Meio
Ambiente são comissões integradas com enorme quantidade de trabalho.
A outra questão muito grave que foi
noticiada na imprensa de hoje se refere à questão ambiental de Porto Alegre.
Houve uma decisão inclusive da Justiça de colocar indisponíveis os bens do
Secretário de Meio Ambiente com uma acusação gravíssima que considera que as
obras que foram feitas pela Prefeitura, através do DEP, obras que lançavam
dejetos no Guaíba, causavam danos, evidentemente, ao meio ambiente. Então,
penso que essas são as duas questões iniciais que eu queria trazer a esta Casa,
não para criar uma polêmica política, apenas, mas para que nós possamo-nos
debruçar sobre essas duas questões de saúde e de meio ambiente neste período e
fazer com que a Casa cumpra com mais aceleração, com mais rapidez, a nossa
função de fiscalização dos atos do Executivo, que é uma função precípua do
Poder Legislativo, do Parlamento Municipal. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Houve a inversão da
ordem dos trabalhos e nós deveríamos entrar, agora, na Ordem do Dia, mas,
visivelmente, não há quórum.
Estão encerrados os trabalhos da presente
Sessão.
(Encerra-se a Reunião às 11h56min.)
*
* * * *